Vem me contar…


Vem me contar,
gestos, sorriso e voz
as histórias de belos finais
de príncipes e camponesas
de campônios e suas princesas
enlaçados e felizes para sempre.

Vem me contar
entre o gemido e o espanto
no ricto do horror e da revolta
as histórias sangrentas de guerras urbanas
de desvalidos e até graduados
de presos e liberais, justos e marginais,
tombados nas ruas e lixeiras
de um país trucidado e trucidante.

Vem me contar
antes que o tempo acabe
e a alma em desalento apague
as histórias secretas repugnantes
de conluios, trapaças e saques,
(de quem sem arma mata,
com sorrisos de traição,
com verborreia falsificadora)
inoculados nas veias safenas
de um país de impunes gloriosos
e de operários sem construção.


Marta Morais da Costa

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