Vem me contar, gestos, sorriso e voz as histórias de belos finais de príncipes e camponesas de campônios e suas princesas enlaçados e felizes para sempre. Vem me contar entre o gemido e o espanto no ricto do horror e da revolta as histórias sangrentas de guerras urbanas de desvalidos e até graduados de presos e liberais, justos e marginais, tombados nas ruas e lixeiras de um país trucidado e trucidante. Vem me contar antes que o tempo acabe e a alma em desalento apague as histórias secretas repugnantes de conluios, trapaças e saques, (de quem sem arma mata, com sorrisos de traição, com verborreia falsificadora) inoculados nas veias safenas de um país de impunes gloriosos e de operários sem construção.
Marta Morais da Costa