Marta Morais da Costa

ARMÁRIO Dentro dele se escondem os brinquedos esquecidos. A porta do armário parece a entrada da caverna de Ali Babá. Lá dentro tesouros me esperam. O carrinho de rolimã vermelho brilhante e o Pinóquio de madeira com braços articulados companheiro de tantas horas no tempo do eu menino. Aquele laço de fita da boneca Zazá que tanta falta faz na sua cabeça careca faz minha irmã Rita rir até inundar os olhos. Meu pião de madeira que mal aprendi a rodar, mas que guarda na fieira o suor da mão de meu pai. Aquela casa de porcelana pintada em arco-íris trazida por tia Beatriz da distante Alemanha. Estavam no armário esquecidos e voltaram para alegrar este dia cinzento de chuva. Se amanhã o sol sair, voltam a repousar e a ser esquecidos. Bom mesmo é poder retornar a esses tesouros escondidos, como um pirata bandido assaltando armários-caverna pela saudade movido.