Natal, outra vez: três personagens à procura de uma mensagem.

Marta Morais da Costa

PERSONA A – Minha gente!

PERSONA  J- Acho tão aconchegante e inclusivo esse “minha gente”!

PERSONA  Z – Tão comum…

PERSONA A – O Natal está chegando e eu gostaria de escrever uma mensagem a você, meus amigos.

PERSONA  J – Eu também. Mas teria que ser uma mensagem fora do esperado.

PERSONA Z – “Fora do esperado”? Ih, lá vem texto em linguagem experimental…

PERSONA A – Dizer de meu afeto e de quanto vocês são imprescindíveis na minha vida.

PERSONA J – Eu sabia”! Lá vem a linguagem acadêmica. Imprescindível é do tempo do uniforme de normalista.

PERSONA Z – Afeto é bom e está na moda. Quero ver encaixar a vida toda na mensagem.

PERSONA A – Já sei! Como se diz hojemdia: Amo vocês!

PERSONA  J- Eita, que fofura mais gratuita!

PERSONA  Z – Amar pode ser tanta coisa ou ser apenas uma fala apressada e, na essência, banal. Tô achando que é a segunda.

PERSONA A – Não, não gostei! Melhor dizer que estou sonhando com um Natal de paz e vocês estão na origem dela.

PERSONA  J- Ééé, só pode ser paz sonhada. Ali, no vamos ver, é guerra o tempo todo!

PERSONA  Z – Sonhar não custa, mas também não paga.

PERSONA A – Que seja um Natal de luz e de brilhos!

PERSONA  J- Tipo árvore de Natal, né, fofa?

PERSONA  Z – Luz de pisca-pisca.

PERSONA A – Que neste Natal vigore o sentido primeiro da palavra: nascimento para uma nova vida.

PERSONA  J- Mais linguagem acadêmica: só faltou usar “etimologia” no lugar de sentido primeiro.

PERSONA  Z – Taí um desejo bonito: a oportunidade de recomeçar.

PERSONA A – Que as bênçãos do Senhor recaiam sobre todos, em especial sobre os pequenos, os fracos, os necessitados, os fragilizados.

PERSONA  J- Agora sim: gostei dessa abrangência. Me lembra “Boas Festas”, de Assis Valente. É canção tipo “pare e pense”.

PERSONA  Z – Essa democracia toda ainda não vi por aqui…Só em mensagem  de Natal.

PERSONA A – Amigos, neste final de ano, quero renovar os laços de nossa amizade, compromisso que me faz tanto bem.

PERSONA  J- Bonito! Estou solidária neste afeto tão enternecedor, comovente, prazenteiro, jubiloso e humano, que é a amizade. Ah, a academia!

PERSONA  Z – Faltou objetividade. Sugiro: Feliz Natal, amigos!

Foto por George Dolgikh em Pexels.com

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