Sobre formação de leitores – #1

“Bettelheim e Zelan (1982) consideram a aprendizagem da leitura a experiência mais importante de crianças da escola fundamental – tão importante a ponto de determinar os níveis de sucesso ou de fracasso durante todos os anos escolares. Bettelheim e Zelan descobriram que a forma como as crianças são ensinadas a ler é vital para o sucesso delas. Eles propunham que os professores podem e devem apresentar a leitura como uma atividade valiosa, significativa e divertida. Além disso, sugerem que as competências dos professores, juntamente com considerações afetivas, são os fatores mais importantes relativos ao aprendizado da leitura, ‘independentemente do que a criança traz de casa’. “

Eugene H. Cramer & Marrietta Castle (orgs). Incentivando o amor pela leitura. Artmed, 2001. p.83.

Breve comentário: Relevante a responsabilidade atribuída aos professores do ensino fundamental, principalmente dos anos iniciais. Não basta a afetividade. São necessárias competências intrínsecas ao ato de ler e à escolha de textos. Desde quando a formação em Pedagogia prepara os profissionais para essas competências? E serão eles os responsáveis pelos leitores durante o percurso escolar, universitário e na vida pessoal. Pensemos no resultado aviltante para o país que a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil fotografou a respeito da perda de leitores, coisa de sete milhões, e das fontes de cultura em que os brasileiros estão indo buscar conhecimentos, ideias, comportamentos, estéticas e, acima de tudo, ética.

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Sobre poesia – #1

“A poesia”, escreveu [T.S.] Eliot em O bosque sagrado, “não é um desbordamento de emoção, mas uma fuga à emoção; não é expressão da personalidade, mas fuga à personalidade. É claro, porém, que somente aqueles que tenham emoção e personalidade sabem o que significa querer fugir-lhes.”

Citação extraída do excelente livro de Edmond Wilson, O Castelo de Axel, publicado em 2004 pela Companhia das Letras, à p. 137.

Rápido comentário: Leitores que somente consideram poéticos os versos que arrepiam, fazem chorar ou rir, causam impacto emocional ou apresentam correspondência equitativa entre vida e obra do poeta e , principalmente, só têm qualidade se apresentam correspondência por igual com a vida do leitor (“Ah, bem isso que vivi e senti ou de que sinto saudade” e por aí afora) – e até se transformam em influenciadores digitais – são leitores em formação, em fase inicial, falta-lhes muita leitura e aprendizado.

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