Bonde

Marta Morais da Costa



trilhos são cicatrizes

no corpo da cidade

passos pesados de ontens

seguem as linhas mortas

a memória é trajeto

remexido e vivaz

acordando vozes e risos

na viagem que já não há

na rua estreita os trilhos

rebrilham interrompidos

no tempo esfumado

da perdida meninice

criança saltita

entre pedras e trilhos

borboleta fugaz

beijando a flor

que já não há

no casulo de aço e vidro

o  urbanista projeta sereno

o novo traçado da rua

sem ontem

sem trilhos

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