
Fragmento de “Herança”, conto inicial do meu livro mais recente, “Contos em mim menor”.
O que agora chamo de casa distancia ainda mais o casebre da infância. Nele, experimentei a precariedade de roupa, comida, conforto e afeto. Nele, vi o pai morrer numa na poça de vômito da última bebedeira. Nele, reparti a cama com três irmãos, dos quais eu sou a única sobrevivente. Nele, aprendi que solidariedade dura uma única doação e muitas cobranças de reconhecimento. Que falta é palavra mais frequente do que bom dia. Que a barriga tem mais buracos por onde a comida se esvai do que paredes para impedir a fome de entrar. Que o sono é sem sonhos, que a vida é de pouco sono, que a morte é um sono pesado sem despertar.
Marta Morais da Costa
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