
Chegou mais uma data comemorativa do Dia do Professor. Em 15 de outubro de 1827 o imperador D. Pedro I criou por lei o Ensino Elementar, então conhecido como Escola de Primeiras Letras. Em 14 de outubro de 1963 o Decreto Federal nº 52 682 oficializou a data como um dia de comemoração aos profissionais, cuja atuação traz a marca de séculos.
Professores que tiveram sua identidade gravada na história foram, entre milhões, Sócrates, Aristóteles, Quintiliano, Libânio, Santo Agostinho, Maria Montessori, John Dewey, Paulo Freire, Lourenço Filho, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro… Só para exemplificar uma das mais fundamentais e permanentes profissões existentes nas sociedades humanas.
Em 2020, eram 2,5 milhão de professores no Brasil, dos quais 2 milhões e 200 mil atuavam na educação básica. No Ensino Médio quase meio milhão de professores se distribuíam entre colégios públicos e privados. Desse total, no nível médio, 32,3% não tinham formação específica para a disciplina que lecionavam: era o ano de 2017.
Nas universidades, as licenciaturas, responsáveis pela formação profissional em nível superior amargam nos dias de hoje uma baixa procura de jovens porque a carreira oferece remuneração inadequada à quantidade de trabalho e de responsabilidades que a atuação docente exige para ser exitosa.
Educação no Brasil é nos dias que correm o campo de futrica políticas, de incompetências de gestores de alto escalão, de uma guerra civil silenciosa (mas não menos violenta e daninha) entre alunos, pais e professores, além do absoluto desdém dos orçamentos e das pesquisas voltadas para aprendizagem, formação profissional, respeito e reconhecimento da sociedade.
No entanto, e contra todos os prognósticos, professores abnegados pensam no presente e no futuro de seus alunos e do país. Uma pátria mãe que deixou de ser gentil e se tornou algoz de esperanças e desapegos.
Neste 15 de outubro, depois de uma pandemia devastadora, de escolas fechadas e um sentimento de que, quando se sentiu falta das aulas, foi apenas por causa de um lugar em que as crianças e jovens ficassem supervisionados, para que o restante da família pudesse continuar atuando em outras profissões, as comemorações têm gosto amargo e risos enviesados.
No dia de hoje, passando por um dos poucos jornais sobreviventes, encontrei estampada uma pergunta atroz: será o magistério uma profissão em extinção?
O fato de existir a pergunta – mesmo que a resposta seja um firme e sonoro não – reflete o estágio de desvalorização, de preconceito e de desinformação sobre a história humana, a história da educação, o valor da cultura e do conhecimento, a dedicação real e continuada de tantas pessoas, gentes e agentes, nas salas de aula e nos trabalhos levados para as residências em turnos mais alongados.
No exercício de mais de meio século em várias áreas da educação aprendi a respeitar e a agradecer a tantos profissionais que fizeram minha carreira e a maior e melhor parte do que sou.
Por eles e pelo que fizeram a mim é que desejo a todos os professores um dia de comemoração. Talvez comemorar o quanto ainda podem fazer pelas crianças e jovens deste país, apesar de todos os pesares.
Parabéns, professores, e que se desviem de nós todos os males!
Marta Morais da Costa