DISTÂNCIAS

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                                                                                Marta Morais da Costa

Passou o tempo da vida
a medir distâncias.
 
Entre a brincadeira e o trabalho
entre o estudo e a aprendizagem
entre a saúde e a doença
entre o ser, o estar e o fazer.
 
 
Os cálculos mediam
quase tudo o que limita.
Arriscavam, porém,
inoperantes e imprecisos,
quase tudo o que amplia.
 
Os números descreviam
fatos, emoções, expectativas.
O que comia e vestia,
o que ganhava e dispendia,
os ardores dos desejos,
o tamanho da solidão,
o percurso dos sonhos.
 
A conta mais inevitável, porém,
ficou inexata e incompleta:
não conseguiu numerar
a distância inapreensível
entre o surgir e o dissolver,
entre o que foi e deixou de ser
entre o que viveu de verdade
e o que ficou inalcançável.
 
Conta fechada pelo cálculo
imensurável da morte.