Marta Morais da Costa
Dizia a velha flauta ao acordeão bailarino:
– Enquanto grito tesa e louca, você dança e sacode a pança. No mesmo ritmo, enquanto eu choro, você ri.
– Engano seu, dona Flauta, responde o acordeão. Minha dança me cansa. Sinto-me pesado. Mas você parece esbelta e faceira.
Enquanto a conversa seguia, o violão, sem alarde, fazia ressoar dores de amor nas notas tristes de um samba canção.
Na orquestra da vida, cada um e todos se queixam, enquanto a música não para.
