
Todo livro principia
no ponto de encontro
da ponta com o papel.
Lápis ou caneta,
pouco importa.
Qual broca na rocha
a ponta cria o ponto
de onde jorram águas
ainda impuras,
represadas,
embebidas
de matéria orgânica
que fertiliza a escrita
na enchente das páginas.
Agricultor zeloso,
o escritor se entrega
ao solo copioso
a separar o joio
– que indiciará a realidade –
enquanto faz do trigo
o pão das utopias.
Marta Morais da Costa