Uma presença imorredoura

Relendo Farenheit 451, lembrei de anotar uma fala linda do personagem Granger sobre seu avô.

Pensando em Bartolomeu Queirós e sua trilogia “Indez”, “Por parte de pai” e “Ler e escrever e fazer conta de cabeça”, com lindas e líricas passagens sobre pai e avô, compartilho o texto de Ray Bradbury.

Bartô merecerá mais tempo e um afeto especial.

Foto por Pritam Kumar em Pexels.com

“Meu avô morreu quando eu era garoto. Ele era escultor. Também era um homem muito generoso, com muito amor para dar ao mundo, e ajudou a reduzir a miséria de nossa cidade; e ele fazia brinquedos para nós e fez milhões de coisas na vida; sempre tinha as mãos ocupadas. E quando morreu, subitamente percebi que não estava chorando por ele, mas por todas as coisas que ele fazia. Eu chorava porque ele nunca mais as faria novamente, nunca mais esculpiria outra peça de madeira ou nos ajudaria a criar pombos no quintal, nem tocaria violino do jeito que tocava ou nos contaria piadas com aquele seu jeito especial. Ele fazia parte de nós e quando morreu, todas essas coisas morreram com ele, e não havia ninguém para fazê-las do jeito que ele fazia. Ele era único. Era um homem importante. Jamais superei sua morte. Muitas vezes penso: quantas esculturas maravilhosas jamais vieram à luz porque ele morreu. Quantas piadas estão perdidas para o mundo e quantos pombos suas mãos deixarão de tocar. Ele moldava o mundo. Ele fazia coisas para o mundo. O mundo sofreu uma perda de dez milhões de ações generosas na noite em que ele morreu.”

BRADBURY, Ray. Farenheit 451. Tradução Cid Knipel. 2ª.ed. São Paulo: Globo, 2012. p.189.

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