Marta Morais da Costa
Ele não conheceu a altura em longas pernas
não subiu em árvores não transpôs os mares
não trocou os dentes nem usou lentes
amigos raros brincadeiras poucas
as letras para ele continuaram enigmas
não passou do berço à cama
do pijama à beca ou terno
diplomas e salários não recebeu
não visitou Paris nem Pequim
não sofreu amores
não viveu a paternidade.
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Silenciado, imóvel e seviciado,
deixou a infância e a vida
entregues à sanha pérfida
do adulto, brutal disciplinador,
deformidade humana
ungida pelo manto
do silêncio,
da violência
da vaidade
da prepotência.