HENRY BOREL (E MAIS 2000)

Marta Morais da Costa

Ele não conheceu a altura em longas pernas

não subiu em árvores não transpôs os mares

não trocou os dentes nem usou lentes

amigos raros brincadeiras poucas

as letras para ele continuaram enigmas

não passou do berço à cama

do pijama à beca ou terno

diplomas e salários não recebeu

não visitou Paris nem Pequim

não sofreu amores

não viveu a paternidade.

++++

Silenciado, imóvel e seviciado,

deixou a infância e a vida

entregues à sanha pérfida

do adulto, brutal disciplinador,

deformidade humana

ungida pelo manto

do silêncio,

da violência

da vaidade

da prepotência.

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