Marta Morais da Costa Na suspensão do tempo viver as asas do pássaro travadas em voo a folha a caminho do chão a frase musical no oco da boca do cantor o olhar detido a caminho do objeto a caneta em meia letra o pé entre o vácuo e o asfalto a colher ao tocar a superfície dos lábios a carícia petrificada na ponta dos dedos a mosca imóvel no ar o grão de poeira suspenso ao sol o perfume entre a flor e as narinas o estertor da máquina em energia cortada o pingo da chuva congelado no limite da vidraça os lábios entreabertos à espera do beijo - hiato do amor – a nota truncada no choro agudo do bebê o dedo em riste viajando para o mapa o pensamento incompleto no branco do esquecimento este poema sem
