Marta Morais da Costa
Hoje cantei velhas canções.
Entoei palavras em desuso
verbos no pretérito
adjetivos de pura utopia:
galhardo, sinuoso, merencória.
Pastorinhas, perfídia, amor pra chuchu.
Visitei em notas e acordes
sentimentos plácidos,
a paixão perenal,
o ósculo sonhado,
a valsa dolente entre seus braços,
a queda que ensina a levantar,
beijinhos e peixinhos infinitos,
a vida que valia a pena.
A proximidade dos astros,
em que pisávamos distraídos,
em um carrossel de emoções,
resolvidas no riso aberto
e aos pés do altar.
A música melodiosa
ainda soa aos ouvidos
enquanto no ar, lá fora,
reina o silêncio do medo
e a ameaça do fim.
10/abril/2020